Time passes slowly... slowly... slowly...

domingo, 31 de outubro de 2010

Início - Beginnings [Parte Ia]



Over the Rainbow - Israel "IZ" Kamakawiwo'ole OFFICIAL VIDEO from Mountain Apple Company on Vimeo.


Demorei 2 meses para decidir-me a criar de vez um blog da minha vida Erasmus.
Primeiro pensei "não vou ter pachorra para tar sempre a escrever!"
Depois vieram as actividades do mês de Boas-Vindas aos estudantes Erasmus e o curso intensivo de Alemão!
Começaram as aulas... tudo sempre intenso.

A ver se agora que o mais difícil está feito, continuo a partilhar a experiência erásmica... 

...agora já não me fico por ler as aventuras e desventuras dos meus irmãos erásmicos que no passado ano estiveram em Graz e que todo o impossível lhes aconteceu.

...agora, percebo o quão importante é fazer, e não ficar pesando todos os prós e contras! "Arriscar é VIVER!"

...agora, compreendo o quão difícil é querer estar em todo o lado ao mesmo tempo: tudo sempre a acontecer ao mesmo tempo, dia após dia, festa após festa, jantar após jantar... e depois os trabalhos que deixámos para o amanhã! Resultado: até às 4 da manhã a procrastinar em frente do computador, porque queremos matar as saudades...

procrastinar
Significado de Procrastinar
v.t. e v.i. Adiar, espaçar, delongar.
Usar de delongas.
Sinônimos de Procrastinar
Definição de Procrastinar
Classe gramatical de procrastinar: Verbo transitivo e Verbo intransitivo
Tipo de verbo: regular
Separação das sílabas de procrastinar: pro-cras-ti-nar
Possui 12 letrasPossui as vogais: a i oPossui as consoantes: c n p r s tProcrastinar escrita ao contrário: ranitsarcorp



SAUDADE
Saudade (singular) or saudades (plural) is a Portuguese and Galician word difficult to translate adequately, which describes a deep emotional state of nostalgic longing for something or someone that one was fond of and which is lost.
Saudade has been described as a "vague and constant desire for something that does not and probably cannot exist ... a turning towards the past or towards the future".[3] A stronger form of saudade may be felt towards people and things whose whereabouts are unknown, such as a lost lover, or a family member who has gone missing. It may also be translated as a deep longing or yearning for something which does not exist or is unattainable.
Saudade was once described as "the love that remains" or "the love that stays" after someone is gone. Saudade is the recollection of feelings, experiences, places or events that once brought excitement, pleasure, well-being, which now triggers the senses and makes one live again. It can be described as an emptiness, like someone ( e.g., one's children, parents, sibling, grandparents, friends) or something (e.g., places, pets, things one used to do in childhood, or other activities performed in the past) that should be there in a particular moment is missing, and the individual feels this absence. In Portuguese, 'tenho saudades tuas', translated as 'I have saudades of you' means 'I miss you', but carries a much stronger tone. In fact, one can have 'saudades' of someone with which one is, but have some feeling of loss towards the past or the future.
In Brazil, the day of saudade is officially celebrated on January 30.



...saudades da irmãzinha
   saudades da irmãzinha que ficou sozinha em casa à mercê dos papás;
   saudades da irmãzinha que já não pode martelar a cabeça do chato, parvo, complicado, irritante, insuportável irmão;
   saudades da irmãzinha que já não pode dar beijinhos, abracinhos e miminhos  ao fofinho, adorável, charmoso, engraçado, camarada, atencioso, prestável e amigo irmão;


...saudades dos papás
   saudades dos papás que sempre estiveram, estão e estarão, onder quer que estejam, a um click, a uma mensagem, a uma chamada, a uma vídeo-conferência, a uma viagem de carro, a uma viagem de comboio, a uma viagem de avião de distância, ou na divisão ao lado, ou no trabalho, seja de banco ou urgência, ou a preparar uma reunião ou a dar na cabeça dos motoristas…. sempre estarão ao meu lado, no meu pensamento a apoiar-me, a ajudar-me, a puxar-me para cima, a dar-me uma palavra amiga, um conselho sábio, ou simplesmente um raspanete por algo que lhes tenha agradado menos;
   saudades dos papás que alguém escolheu por mim, e agora nunca os trocaria por nada ou ninguém;
   saudades dos papás com quem, durante a maior parte de 23 anos, 7 meses e 18 dias, morei, comi, falei, conversei, discuti, chateei-me, viajei, passeei, diverti-me, trabalhei.
   saudades dos papás que de vez em quando lá se lembram de me perguntar se já tenho as novidades da Grey ou Irmãos, ou do Avatar ou o Internacional, e lá o vamos ver na televisão da sala com o cabo HDMI ligado ao último computador que alguém me arranjou;

   SAUDADES DE ESTARMOS OS QUATRO
   saudades de estarmos os quatro à mesa, e de repente sentirmos uma vontade inexplicável, de origem desconhecida, de desatarmo-nos a rir às gargalhadas, enquanto nos queixamos de dor nas bochechas e na barriga de tanto rir, cheios de lágrimas nos olhos, tamanha a felicidade que encontramos nesses momentos;


…saudades da famelga
   saudades da famelga que lá se vai tentado aguentar unida;
   saudades da famelga que tantas alegrias me dá;

   saudades dos avôs que continuam como se tivessem 40 ou 50 anos;
   saudades dos avôs que não se deixam ultrapassar e que utilizam o computador e a internet, como se estivessem em 1940 a utilizar a máquina de escrever;
   saudades das avós que estarão muito melhor que nós que cá ficámos;
   saudades das avós, as minhas segundas mães…
   saudades de ouvir dizer “Avô vai pó Pôto!”, ou “Sabes una cosa?”, perguntar-lhe já sabendo a resposta “O quê?” e responder-me toda feliz “Eu gosto muito de ti” com um sorriso de orelha a orelha, e ficarmos horas e horas despedindo-nos;
   saudades de que me diga “Vocês nunca ligam, não querem saber de nós!” só porque quer falar e saber dos netos todos os dias, saber tudo por que passam e que têm de crescer.
   saudades de que me diga “Não arreliem a bvossa mãe!” “Ajudem a bvossa mãe que farta-se de trabalhar!”, enquanto me prepara uma torradita, uma carcaça com manteiga, um leite com chocolate, um cozido, uma sopa;
   saudades de as ver a tomar café e conversarem horas a fio, todos os dias;
   saudades de as ver a falar ao telefone, todos os dias, hora e horas e horas e horas e horas e horas sem fim; sempre encontram algo de que falar: seja o que se passou no trabalho, ou a consulta do avô, ou a ida ao dentista, ou da Infanta que se casou com não sei quem e que é descendente de um dos reis de Portugal;
   saudades do seu Arroz Doce;
   saudades do seu Bacalhau à Brás e das suas saladas, que as prepara em doses titânicas pois o seu Bruno está a crescer e as adora;
   saudades de ter que ir à Praça, para fazer-lhe companhia, e dar-me uma quebra de tensão por indisposição face aos odores estranhos das tripas do peixe que é exposto nas bancas, do voo sibilante das moscas que sobrevoam a área como se de um exército se tratasse;
   saudades de dormir no caixote-do-gato;
   saudades de dormir na sua sala e dar pontapés na irmãzinha, e receber outros quantos enquanto lutamos pelo cobertor;

   saudades dos tios que são os meus amigos mais antigos;
   saudades do tio que me pergunta sempre pelas namoradas;
   saudades do tio que me alerta sempre para quando deverá ser a próxima revisão de qualquer dos nossos Ferrari, da nossa frota Peugeot;
   saudades da tia que me deu dois primos lindos, espectaculares, e que mais um pouco são a cópia chapada de dois irmãos que conheço :p
   saudades da tia na qual corre dentro, sangue alentejano;
   saudades da prima com quem brincava e ajudava a adormecer quando era bebé, e que agora está a aprender alemão como o primo;
   saudades do primo, reguilas, esperto, e que tanto dizem que é a cópia aqui do primo babado, sobretudo quando mostra a dentuça e faz dentes de coelho : )


   saudades que seja Natal;
   saudades que sejam os anos da Rita, da Antónia, do Vasco, da Débora, da Vónita, da Toya, da Vónina, do Tichico, do Bruno, da Guida, do Vôbeto, do Tití, do Francisco, do Vôné;
   saudades que seja Páscoa;
   saudades que seja Verão, e de estarmos todos na Costa, ir à praia, vir da praia e acender o Lume, preparar os grelhados enquanto os homens assistem a Fórmula 1 e as mulheres tagarelam e preparam a salada, comer a morcela que a Mami arranjou no talho e depois as deliciosas espetadas mistas, que o talhante recomendou, de comer o entrecosto, as costeletas, a entremeada, abrir o Melão, doce docinho e sumarento que a Mami escolheu dias antes de irmos para a Costa, de irmos tomar o café “lá baixo” depois de uma almoçarada bem almoçada… almoçar no calor do Verão, debaixo da lona do avançado, à mesa com mais 13 pessoas que adoro e nas quais vejo o meu mundo…
   saudades que seja o dia do Pai;
   saudades que seja o dia da Mãe;
   saudades que seja o dia de São Martinho e ouvir alguém cantar
                                                                               “O Outono já chegou,
                                                                                 já caiu a castanhinha!
                                                                                 O Outono já chegou,
                                                                                 já caiu a castanhinha!
                                                                                 Quando a mamã chegar,
                                                                                 vai levar uma surpresinha!
                                                                                 Quando a mamã chegar,
                                                                                 vai levar uma surpresinha!”

   resumindo, SAUDADES DE ESTARMOS TODOS JUNTOS.


(continua)